“É d’Oxum”: clássico do axé vira documentário exibido no Panorama
20/03/2024
Portal A Tarde
por Edvaldo Sales e Franciano Gomes
Composta por Gerônimo Santana e Vevé Calasans, a música “É d’Oxum”, lançada em 1985, virou documentário, intitulado “É D´Oxum – A Força que Mora N´Água”, que estreou em dezembro de 2023. O filme tem duração de 26 minutos, conta com direção de Dayane Sena, e roteiro e produção de Ondina Duarte, filha caçula de Gerônimo, e Cássio Nobre.
A produção foi exibida no XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema, no Glauber Rocha, em Salvador, na noite dessa segunda-feira, 18. Em entrevista ao Cineinsite A TARDE, Dayane revelou que a inspiração para fazer o documentário surgiu de Ondina, que é a idealizadora do projeto, diretora de produção e foi co-roteirista também. “Ela resolveu fazer um filme sobre a música, que é uma das que ela mais gosta, e me convidou para poder fazer a direção”, disse.
“Como, há muitos anos, eu fui produtora musical também, ela me achou interessante, porque consigo dialogar com as outras linguagens, tanto com o audiovisual quanto com a música. Ela me fez o convite e eu amei”, afirmou após o bate-papo que aconteceu depois da exibição do documentário.
Dayane Sena é a diretora de “É D´Oxum – A Força que Mora N´Água” | Foto: Franciano Gomes | Agência A Tarde
Na ocasião, a diretora falou sobre a relação dela com o cantor e compositor Gerônimo, que, segundo ela, é “muito antiga”. “Gerônimo foi na minha casa, eu tinha nove anos de idade. E eu estava embaixo da mesa, assistindo a novela, escondida, porque a novela não era a minha idade. Ele chegou com o meu pai e outros amigos e eu fiquei olhando aquela pessoa assim. Eles cantaram, foi uma noite de farra. Aquilo ficou guardadinho”, detalhou.
Dayane Sena destacou que, anos depois, reencontrou o artista. “Eu estava trabalhando com música, um dos grupos que eu produzi foi a Orquestra Afrosinfônica. A gente fez um concerto no TCA [Teatro Castro Alves] em um show de Gerônimo. Naquele momento, eu falei: ‘nossa, olha eu de novo com Gerônimo’. Só que a história não tinha acabado. Há dois anos veio esse convite, esse reencontro com a obra dele e com ele também, que é esse artista incrível”, completou.
Quem também marcou presença na exibição foi o próprio Gerônimo Santana. Ao Portal, ele contou como foi a criação e o sucesso de “É d’Oxum”. “Eu fiz com meu parceiro, Vevé Calasans, e nem eu nem ele sabíamos a extensão que essa música iria ter. A música sempre surpreendeu. Quando a gente compôs era para uma cantora chamada Alcione, que estava querendo gravar músicas de compositores baianos. Mas como Clara Nunes tinha falecido recentemente, ela não se achou confortável em gravar”, iniciou.
De acordo com ele, essa notícia foi um balde de água fria, mas, em seguida, a canção deslanchou. “Mas a música andou, chegou no Rio de Janeiro. A Rede Globo estava captando músicas para a novela ‘Tenda dos Milagres’. Então, eu e Vevé chegamos para entregar essa música em uma fita cassete e vimos que tinha uma caixa enorme com milhares de músicas. Aí, Vevé, na sua perspicácia, saiu, comprou um envelope amarelo, botou a fita cassete dentro e escreveu em letras garrafais ‘É d’Oxum, de Gerônimo e Vevé Calasans’”, continuou.
Cantor e compositor Gerônimo Santana