Foi em uma quarta-feira… Uma noite que nunca esqueci.

25/03/2025

O ano era 2018, e eu ainda não sabia, mas aquele momento mudaria tudo. Motriz foi premiado como Melhor Curta Baiano – Júri Jovem no Panorama Internacional Coisa de Cinema. Um júri formado por mulheres que, com um discurso urgente, me atravessou antes mesmo que eu percebesse que o prêmio era meu. Quando ouvi “por ser força que move, o júri jovem premia Motriz”, demorei a levantar da cadeira. Eu ainda tentava entender o que estava acontecendo.

No telão, a imagem da minha mãe, dona Bete, de braços abertos e sorrindo. Ela abraçava a mim, à sala inteira. Aquele prêmio era dela. Para ela. Por ela. A filha falou mais alto que a cineasta. Deixei a menina de sonhos chorar e agradecer. Nunca imaginei ganhar aquele prêmio. Não imaginava que dali em diante, Motriz ganharia ainda mais o mundo: mais de 30 festivais, entre nacionais e internacionais, 15 premiações e um licenciamento positivo no Canal Brasil.

Anos se passaram, mas sempre que posso, volto àquela quarta-feira e me lembro da menina com vinte e poucos anos, prestes a realizar grandes sonhos cinematográficos. Hoje, em 2025, retorno ao Panorama com dois grandes filmes (um longa-metragem e um curta-metragem), mas sempre carregando essa memória inesquecível. Porque aquela noite foi mais do que um prêmio. Foi afeto, foi ventania, foi presença feminina, foi Motriz.

Retornar ao Panorama tem um gostinho muito especial. É político. É pegar na mão daquela jovem e seguir criando narrativas comprometidas, urgentes, mas principalmente afetivas – trazendo sempre a minha assinatura Amordivino de contar histórias.

Obrigada e um grande abraço,

Taís Amordivino