O Primeiro Panorama no Glauber: achamos o formato

12/03/2025

Ficamos três anos sem realizar o Panorama. Eu estava 100% dedicado à construção do cinema, que finalmente começava a andar. Não tinha cabeça para o Panorama, que, até então, não obtivera recurso algum em suas primeiras quatro edições. Só escambo, trocas, doações…. Perto do Glauber ficar pronto, recebemos a notícia de que o Governo do Estado da Bahia, através da Secult e Fundo de Cultura, se tornaria o primeiro patrocinador oficial.

O Cine Glauber Rocha foi reinaugurado em dezembro de 2008. O Panorama aconteceu logo em seguida, em março de 2009. Pela primeira vez, tivemos mostras competitivas nacional, baiana e internacional. Exibições de clássicos restaurados, além de homenagens a grandes atores e diretores do nosso cinema passaram a acontecer. Encontrávamos um formato que se consagraria e permaneceria até hoje.

A cada ano, sessões memoráveis.

Em 2009, foi o ano de Pan Cinema Permanente, de Carlos Nader. Filmaço! Em 2010, formamos um júri inesquecível com João Pedro Rodrigues, Irandhir Santos e Fernando Bélens. Realizamos uma mostra com os filmes de João Pedro, diretor português, mas o Panorama ainda não tinha “pegado” na cidade, em sua nova casa. Poucas pessoas no cinema, mesmo com filmes incríveis. Era um pouco triste.

Em 2011, as coisas começaram a mudar e o Panorama começou a ter mais e mais sessões lotadas. O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho, foi o grande vencedor de 2012. O cinema pernambucano chegando com força total.

Júlio Bressane esteve no Panorama para apresentar Educação Sentimental, em 2013. O filme foi o vencedor daquele ano, mas, mais marcante, foi o debate com Bressane que começou morno, mas esquentou de tal forma que levou horas e horas madrugada adentro. Uma aula, um tempo precioso que está guardado na memória dos 200 espectadores presentes.

Em 2014, nós exibimos, em DCP, todos os filmes de Stanley Kubrick. Cópias restauradas. TODAS as sessões lotadas. Ela Volta na Quinta, de André Novais, foi o vencedor do Panorama de 2015. Ele, tímido, foi ovacionado ao descer as escadas para pegar o troféu. Foram longos minutos de aplausos emocionados.

No ano seguinte, Chaplin, depois Hitchcock, Rodrigo Luna, Gustavo Vinagre….. muitos e muitos filmes e diretores.

E o Panorama pegou! 18 mil pessoas lotando o Glauber, a Sala Walter da Silveira e também Cachoeira, que passou a contar com parte de nossa programação.

Laboratório de crítica, de roteiro, montagem…. shows, palestras, seminários. O Panorama não parou de crescer e continuou a acontecer até mesmo nos anos de pandemia. O online era sofrido, mas valia!

Voltamos ao presencial em 2021 e, aos poucos, retomamos as nossas atividades sobretudo em prol do cinema brasileiro, que deve ser visto em salas de cinema.

Em 2024, demos início a um Seminário que nos revigora e dá novo sentido ao panorama em 2025. Será uma linda edição!

O cinema no centro da cidades e de nossas vidas!