Cinema, educação e diversidade dão o tom o 19º Festival Panorama

13/03/2024

Portal Correio*
Por Luiza Gonçalves

O panorama é um dos maiores festivais da Bahia, nós já o conhecíamos pela sua fama. Quando abriram as inscrições não havia como perdermos essa oportunidade, tanto pela possibilidade de conhecermos outros cineastas quanto pela sensação de ver o nosso filme no telão. Não iremos competir, mas para nós já é uma vitória ter um festival como esse em Salvador, participar dele é só mais uma bonificação”, afirma Cecília Veras, Diana Miranda, Tainã Pacheco e Yan Azevedo.

O quarteto é responsável pela obra “Memórias do Subúrbio: O que é o Acervo da Laje”, trazendo para o XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema o curta produzido em disciplina da UFBA que apresenta o museu do subúrbio ferroviário dedicado a armazenar, cultivar e divulgar a arte realizada nos bairros da localidade.

Eles não estarão sozinhos. Mais de 40 filmes baianos, dentre longas e curtas, ficções, documentários e animações integram a mostra. Chegando a sua 19º edição, o Panorama já virou tradição na capital baiana e é celebrado por trazer a experiência de um grande festival ao público soteropolitano e incentivar a cena do audiovisual local e nacional.

O festival acontece entre os dias 14 e 20 de março no Cine Glauber Rocha, com sessões também na Sala Walter da Silveira. Ao todo 140 filmes de diversos gêneros e estilos compõem as mostras. A programação de abertura, nesta quinta, é composta por dois filmes que serão exibidos a partir das 20h: Barravento, primeiro longa-metragem de Glauber Rocha, um dos homenageados desta edição; e o filme baiano Saudade fez morada aqui dentro, de Haroldo Borges.

“Acho que o Panorama está cada vez mais completo. Formação de público, de profissionais, filmes que nos impactam… uma seriedade que se alinha à diversão. Temos um cinema cada vez mais diverso, estética e tematicamente. Um cinema profissional está sendo viabilizado e o Panorama possui um papel fundamental nesse processo”, declara Cláudio Marques, coordenador, idealizador e curador do evento.

Entre os entusiastas do festival, as expectativas são altas . Glaucia Santana e Patrick Cruz. Ambos cultivam o cinema como uma paixão desde criança: “É quase um ritual. Só de pegar meu ingresso e entrar na sala naqueles minutinhos de trailer me sinto mais leve. Sinto que tem filmes que preciso ver no cinema, em coletivo”, explica Patrick que considera como um dos pontos fortes do Panorama o incentivo às salas de cinema de rua.

Patrick conta que para ele, que sempre sonhou em ir a um festival de cinema, o Panorama é a chance de entender como funciona um evento desse porte e, através do contato com os realizadores, notar se sua percepção das obras conversam com a ideia dos diretores. Finalizando sua graduação de jornalismo, ele deseja ser crítico de cinema um dia e aproveitou para fazer a Oficina de Escrita Crítica, ofertada no festival.

“Essa edição parece estar maior e eu acho que isso é uma vitória, levando em conta todo o desmonte que houve com o audiovisual nos últimos anos. O ingresso é um valor acessível para as pessoas irem. Por exemplo, um passaporte é R$ 55. Às vezes você paga próximo desse valor para ir em apenas uma sessão num shopping”, comenta Gláucia Santana.

Ela conta que foi pela primeira ao Coisa de Cinema, em 2018, para prestigiar uma amiga que competia dentre os curtas baianos e virou frequentadora assídua . Neste ano, além das competitivas, ela pretende assistir filmes do festival de animação, o debate com a atriz Bruna Linzmeyer, Terra em Transe, de Glauber Rocha, e Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho, de Allan Ribeiro.

Mostra 2024

“O Panorama oferece filmes de extrema qualidade que quase não possuem chance de serem vistos. E o público prestigia, aplaude, crítica, vivencia essa experiência fortemente. Não há substituto para a experiência proporcionada pelo cinema”, defende Cláudio Marques.

Durante os sete dias de realização, o festival vai reunir 140 filmes de diversos estados e países como Irã, Bélgica, EUA, Espanha, Paraguai, Camarões, França e Gana. A programação contém longas e curtas é é dividida entre: Panorama Brasil, Panorama de Animação, Homenage Glauber Rocha, KAOGUIAMO: Mostra de Cinemas Africanos e Matinê Panorama Infantil.

As categorias de competição são divididas entre internacional, nacional e baiana com cerca de 150 mil reais em prêmios em dinheiro e em serviços como pós-produção de imagem, equipamentos de iluminação, acessórios e maquinária, captação de som, mixagem etc. Além dos filmes, a programação é composta por oficinas, debates e apresentações musicais.

Tem que ver – Dicas da curadora Marília Hughes:

O Leão de Sete Cabeças (1970), de Glauber Rocha I Exibição: domingo (17), 10h30, no Cine Glauber Rocha,; Sessão acompanhada do curta Ultime, de Tambla Almeida;

Othelo, O Grade (2023), de Lucas H. Rossi dos Santos I Exibição: sexta (15), 17h, no Cine Glauber Rocha e sábado (16), 16h, na Sala Walter da Silveira;

Neirud (2023), de Fernanda Faya I Exibição: sexta-feira (15), 16h, na Sala Walter da Silveira; e domingo (17), 13h, no Cine Glauber Rocha ;

O Dia que Te Conheci (2022), de André Novais Oliveira I Exibição: sexta-feira (15), 18h, na Sala Walter da Silveira e domingo (17),15h35, no Cine Glauber Rocha;

Matinê Panorama Infantil Exibição: domingo (17), 10h30, no Cine Glauber Rocha;

Kaoguiamo – Mostra de Cinemas Africanos I Exibição: sexta (15) e sábado (16), na Sala Walter; e de domingo (17) a quarta (20), no Cine Glauber Rocha.