Project Description

05/11 | 16h45

SALVADOR

Viramundo

37’, Documentário,1964/1965 – P&B 16mm ampliado para 35mm

Homenagem Geraldo Sarno

A literatura de cordel consagra vários heróis que emigram do sertão para os grandes centros: Lascamundo, Furamundo, Rompemundo, Batemundo. Chico Viramundo é o primeiro deles, o famaraz, o que abandona a terra em que se criou, torna-se famoso com as fabulosas proezas de trabalho e esforço que é capaz. Mas a realidade nem sempre respeita o mito. Em cinco atos (o desembarque, o trabalho na construção civil, o trabalho na indústria, a caridade das religiões e o retorno), Viramundo termina como começa, na estação de trem. São Paulo, para grande parte desses imigrantes, é um local de passagem, provisório e áspero. A narração, apenas no início do filme, situa e dá as dimensões numéricas do drama: não explica o filme. Em seguida a narrativa do discurso documentário se constrói com a montagem de planos que se sustentam em entrevistas (até a construção civil), com o choque de depoimentos conflitantes e antagônicos (a indústria), e por fim (as religiões), com a simples montagem dos planos resultantes do registro documental de fatos, à qual não faltam perspectiva crítica e humor.

Ficha Técnica

Direção: Geraldo Sarno
Roteiro: Geraldo Sarno
Fotografia: Thomaz Farkas, Armando Barreto
Som direto: Sérgio Muniz, Edgardo Pallero, Maurice Capovilla, Vladimir Herzog
Montagem: Silvio Renoldi
Produção: Thomaz Farkas
Música: Caetano Veloso
Letra: José Carlos Capinan
Intérprete: Gilberto Gil

GERALDO SARNO

DIRETOR

Geraldo Sarno nasceu na cidade de Poções, no Brasil. Filho de comerciantes italianos, cresceu numa comunidade de imigrantes localizada no meio do sertão nordestino. Foi para Cuba em dezembro de 1962, indicado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), devido à sua participação no Centro Popular de Cultura (CPC). Apesar de recém-formado em Direito, resolveu permanecer no país caribenho por mais um ano, a fim de estudar cinema.

Debutou como realizador com o documentário em curta-metragem Viramundo (1965), rapidamente transformado num grande clássico do cinema brasileiro. Depois, dirigiu Coronel Delmiro Gouveia (1978), O Último Romance de Balzac (2010) e Sertânia (2018). É conhecido por abordar temas como o movimento migratório brasileiro (em especial o nordestino), além dos efeitos das religiões e das culturas populares.